Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

MENINOS DELICADOS

Na época do Descobrimento, uma das brincadeiras preferidas dos meninos era o “cocles”. Um dos garotos ficava de cócoras, vendado, e os outros lhe aplicavam fortes “cascudos” na cabeça até que ele adivinhasse quem fora. Daí veio o termo cocorote, croque ou cócre, para a pancada na cabeça, com os nós dos dedos.

Entre os jogos apreciados pelos garotos, havia também uma versão da nossa atual “cabra cega”. Com a diferença que, enquanto o menino vendado não conseguisse agarrar um dos outros, os companheiros davam-lhe com um pau.

Lutar com espadas, era também um folguedo apreciadíssimo pelos garotos. As espadas eram grossos sarrafos de madeira!

MATAR ATÉ POR AÍ

Num duelo com espadas de madeira entre dois pequeninos, abrasados de ardor marcial e valentia, um deles exclamou:

– Um de nós há de morrer, vilão! Mas nada de bater nos dedos…

JOÃO PREGUIÇA

Um sujeito tremendamente preguiçoso, amanheceeu morto. Os parentes, amigos e vizinhos, colocaram o corpo num caixão e seguiram para sepultá-lo no cemitério. No caminho, o padre verificou que o preguiçoso ainda vivia. Um vizinho lhe disse:

            – Isso é fraqueza. Vamos levá-lo de volta para casa e dar-lhe um bom prato de arroz!

            O indolente, com voz débil, resmungou:

            – Mas é arroz com casca, ou sem casca?

            – Com casca, com casca…

            – Nesse caso, não quero. Toquem para o cemitério…

DITADURA DA MODA

Dia 8 de março de 1808. O Rio de Janeiro vive o seu maior dia colonial: desembarca a corte portuguesa de D. João VI. O povo ferve, burburinha, e grita; no cais, nas ruas, nos morros, nas praias, nas árvores, nas sacadas e nos telhados.

As elegantes da cidade estão particularmente curiosas com a maneira de vestir das damas européias. Surge a Família Real e, curioso! Dona Carlota Joaquina, as princesas, as infantas, as damas de honor – todas, velhas ou moças – tem os cabelos cortados bem curtos!

– Deve ser moda! – deduziram as elegantes brasileiras.

– É o chique de Lisboa!

– É o último chique de Paris!

Logo as sedosas cabeleiras das cariocas haviam desaparecido; em poucas semanas, de norte a sul do Brasil, as mulheres se tosquiaram alegremente por elegância. Todas as brasileiras andavam orgulhosamente com os cocurutos quase raspados!

As razões de tal “moda”, eram tão ridículas como as das modas femininas de hoje: as mulheres da corte tinham cortado o cabelo em desespero, para combater a infestação de piolhos que grassou a bordo, durante a viagem!

CALE O BICO

Um português, seguindo por um caminho, no Brasil, encontrou uma bolsa de moedas, perdida por algum viajante. Apanhou-a, com um sorriso velhaco. Mas, ao metê-la no bolso, ouviu um grito vindo de umas árvores:

 – Bem te vi!

Não conhecendo esse pásaro, e supondo que se tratasse de voz humana, disse:

Pois, se vem me biste, cale o vico!

OFENSA GRAVE

Um viajante espanhol, chegando para pedir pouso numa propriedade perdida no sertão, foi logo, todo amável, saudando o dono da casa:

– Salve, amico mio!…

O roceiro, desconfiado com o que poderia significar aquele mio, pôs-se a pensar: Que quererá dizer mio? Mio? Quem mia é o gato, gato come rato, rato come queijo, queijo é feito de leite, leite sai das tetas da vaca,… que tem chifres!… Esse franceis desgraçado está me chamando de chifrudo!

E arrancando da garrucha, chumbou o espanhol.