Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
LOBISOMEM FEDORENTO
O tenente-coronel Alexandre Cardoso de Meneses era ajudante oficial da sala, do vice-rei Conde da Cunha. Era também mau caráter, de costumes dissolutos, jogador e libertino. Além disso, dado a arriscadas aventuras amorosas.
Certa noite muito escura, vestindo uma capa negra e embuçado, tentou entrar às escondidas na casa de certo João Fusco, na Rua do Padre Homem da Costa, para encontrar-se com a bela filha deste. Mas foi visto por uma escrava que, tomando-o por uma assombração, pôs-se a berrar a plenos pulmões: “Lobisomem! Lobisomem!...”. Com os berros histéricos da preta, acudiram, com facões e porretes, João Fusco e outros homens que com ele jogava cartas nos fundos da casa.
Alexandre Cardoso conseguiu escapulir, mas não antes de receber meia dúzia de pauladas. Berrando de dor, chispou porta afora, e correu pela escuridão até chegar a uma vala que havia ao final da rua, onde a vizinhança costumava jogar lixo, animais mortos, águas servidas e,… os dejetos humanos das casas! Ele tentou pular a vala, mas caiu dentro da imundície. Cercado pela turba enfurecida, que o procurava com archotes, não teve outro recurso senão mergulhar nas fezes, deixando apenas o nariz de fora, e ficar assim até a madrugada!…
Logo se propalou a história do lobisomem, e dias depois amanheceu em frente da Rua do padre Homem da Costa, junto da fétida vala, fincado um poste com o seguinte cartaz:
Mude-se o nome da rua,
Tenha outro nome e mais gala;
Seja, em vez de Homem da costa,
Do Ajudante da Sala,
Que uma noite um lobisomem
Aqui se banhou na vala.
DE HERÓI A VACA
Francisco de Castro Morais foi governador do Rio de Janeiro por duas vezes. Na segunda, de 1710 a 1711; inicialmente conseguiu vencer o ataque do francês Leclerc, sendo aclamado pelo povo como herói. Mas, tempos depois, não pode ou não soube resistir ao ataque mais forte de Dugay-Trouin, fugindo vergonhosamente. A população carioca não o perdoou: foi alcunhado “o Vaca”, por ter fugido “com o rabo entre as pernas”.
PRESCRIÇÃO EFICAZ
Conta-se que certo médico trazia sempre o bolso cheia de receitas, e que quando alguém o consultava, mandava-lhe que retirasse do bolso a receita que topasse, que seria certamente a mais adequada para a sua moléstia.
Certa mulher, que padecia um garrotilho consultou esse esculápio, e meteu a mão na algibeira, e vendo que a receita era um clister, se pôs a rir tanto, que rebentou o abscesso, e ficou sã.
TEM EXPLICAÇÃO
Parecendo a um médico ouvir falar mal da Medicina, respondeu:
– Verdade é que de mim ninguém pode se queixar.
– Certo que não, – lhe responderam – porque vossa mercê mata a todos quantos trata.
AINDA NÃO
Perguntaram a certo doente por que não chamava médico; e ele respondeu:
– É porque ainda não quero morrer.
AÍ SERÁ TARDE
Aconselhavam a certo pai que esperasse que seu filho tivesse mais juízo, e que então se casaria. “Esse conselho não se deve abraçar”, respondeu ele, “porque se meu filho chegar a ter juízo, nunca se casará.”