Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
BISPO ALIMENTÍCIO
O bispo Pero Sardinha, primeiro Bispo do Brasil, foi o protagonista de um episódio tragicômico da História do Brasil, ao ser devorado pelos caetés, em 1556. O fato de o infeliz clérigo ter tido o nome de Sardinha, e de ter sido comido; permitiu que gerações e gerações de colegiais, ao tomarem notícia do fato pela primeira vez, sejam levados a fazer a mesma (velha) piada:
– Mas, professor, o bispo era sardinha em óleo, ou em molho de tomate?
Afinal, não é isso que nós fazemos até hoje com sardinhas; dignos descendentes que somos daqueles antigos caetés?
PARA NÃO GASTAR
Um homem, tendo caído doente, prometeu-se a pagar o médico se ele se recuperasse. Quando a sua mulher o recriminou por beber vinho estando febril, ele retrucou:
– Pois então tu queres que eu fique são, e seja obrigado a pagar o médico?
A MESMA COISA
Sabendo que um homem teria que ir à Corte para tratar de certo negócio, um seu visinho, pediu-lhe:
– Compadre, se não for abusar: vossemecê poderia me trazer do Rio dois moleques de dez anos, para os serviços da casa, e brincar com as crianças?
– Com muito gosto. – respondeu o homem, recebendo o dinheiro para a compra. – E se eu não encontrar os dois negrinhos de dez anos, trarei um preto de vinte.
MÉCIA DOS MAUS VENTOS?!
Muitas foram as uniões de reis e rainhas de Portugal com membros da corte espanhola. Um dos enlaces mais desastrados desses, foi o da espanhola D. Mécia de Haro com o rei D. Sancho II, em 1245.
D. Mécia revelou-se uma peste! Logo era conhecida na Corte como a “Mulher-diaba”, a ”Eva-pecadora “(Sancho II teria “sócios”), e a “Feiticeira”. Contrastando com a sua personalidade forte, D. Sancho II foi um fraco – o tipo de marido que os portugueses chamavam de “Gonçalo”, “em cuja casa manda mais a galinha do que o galo”. Os cronistas da época descrevem a rainha como desordeira e criadora de atritos com o Clero. O casamento não poderia acabar bem: Tantas fez D. Mécia, que o matrimônio foi anulado pela Igreja, e o infeliz D. Sancho II, deposto do trono.
Em função desse episódio, o povo teria cunhado o adágio: Da Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos!
Quanto a parte dos ventos? Bom, primeiro entram no ditado para propiciar a rima, depois porque é da Espanha que vem o frio vento leste no inverno, e o abrasador “suão”, no verão…
O QUE ELA NÃO ERA
Após a representação teatral, uma atriz de notória vida airada foi cumprimentada, em seu camarim, por um rico fazendeiro da província em visita à corte. O homem elogiou-a pela sua inspirada atuação na peça.
– Ora, – respondeu ela, em fingida modéstia – o papel exigia apenas uma jovem ingênua e pura.
– Ah, senhora! – respondeu o felicitante – vossamercê é boa prova de que isso não era necessário.
COMPADRE ERBÍVORO
Os indígenas não conheciam o cavalo, que foi trazido para o Brasil pelos europeus. Certa vez, um chefe índio aliado dos portugueses, foi à estrebaria e pôs-se a falar com um dos cavalos. Disse que o queria por compadre, porque tinha ouvido dizer que os cavalos eram valentes na guerra e bons amigos. Um mameluco que tinha cuidado do cavalo, quando viu o índio triste por não obter resposta, ofereceu-se para intérprete, e fingindo que falava na orelha do animal, disse-lhe que o cavalo honrava-se com sua amizade. Com esta resposta o índio perguntou o que comia o seu compadre, porque de tudo o proveria. Respondeu o mameluco que o seu mantimento diário era erva e milho, mas que também comia carne, peixe, e mel.
De tudo forneceu abundantemente o chefe, andando os seus, uns a segar erva, outros a caçar, e pescar, e tirar mel dos paus – com que o intérprete se sustentava muito bem! E o cavalo engordou tanto, que abafou, e morreu de gordo, cuja morte o índio muito sentiu, e o mandou prantear por sua mulher e parentes.