Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

CATÓLICO

Os versos de Gregório de Matos valeram-lhe o apelide Boca do Inferno e a perda de cargos eclesiásticos que exercia, o que o fizeram voltar-se contra a Igreja em sátiras assim:

                        “A nossa Sé da Bahia,

                        Com ser um mapa de festas,

                        É um presepe de bestas,

                        Se não for estrebarias.

                        Várias bestas, cada dia,

                        Vejo que o sino congrega:

                        Caveira mula galega,

                        Deão burrinha bastarda,

                        Pereira mula de albarda

                        Que tudo da Sé carrega.”

NÃO SE PREOCUPE

A um padre que veio agradecer-lhe o fato de não estar incluído na sátira contra a Sé da Bahia, respondeu:

– Não, padre. O senhor está lá, nas bestas.

VISTO PELOS AMIGOS

“Ora, Gregório de Matos era um notabilíssimo canalha, um reles boêmio, quase louco, sujo, mal vestido, tocando lundus, e declamando poesias obscenas, incorrigível, vadio, incapaz de trabalho assíduo, mau marido e péssimo cidadão, enfim de vida negra.”

Esta opinião não é de nenhum inimigo do poeta, mas de um seu grande admirador, Ararípe Júnior. O que dele não diriam os inimigos…

FREIO

Gregório de Matos foi chamado em palácio pelo governador Caetano de Melo, o qual o proibiu de fazer versos, atacando fosse quem fosse. Dias depois passava o poeta por uma das ruas da Bahia quando viu duas mulheres engalfinhadas, em atitude ridícula. Fez uma corneta com as mãos, e pôs-se a gritar:

– Aqui d’El-rei contra o Sr. D. Caetano de Melo! Aqui d’El-rei contra o Sr. D. Caetano de Melo!

Acorreram populares, indagando o que era. E o poeta, aflito, de um lado para outro:

– Proibiu-me de fazer versos quando me oferecem assuntos como este!

ALIÁS…

Entre as muitas rixas que lhe atormentavam a vida, teve Gregório de Matos uma com o vice-rei do Brasil, D. Afonso Furtado de Mendonça Castro do Rio e Menezes.

Passava esse fidalgo, um dia, por uma rua da cidade, quando o poeta sacudiu a cabeça, num gesto significativo:

– É célebre! – disse.

E de mão no queixo:

– Ainda não vi um Mendonça que não tenha “Furtado”!

MARIDO GENTIL

Um dia, a mulher de Gregório de Matos, D. Maria de Povos, que não o podia mais aturar, saiu de casa e refugiou-se na casa de um tio. Ele se propõe a acomodar o casal. A este efeito, a custo conseguido, impõe Gregório uma condição:

– Só se vier amarrada a mulher, em cordas, e por mão do competente capitão-do-mato, como negra fugida. Os filhos que tiver chamar-se-ão Gonçalos, pois é minha casa de Gonçalo, onde manda mais a galinha que o galo…

Assim se fez, e ao capitão-do-mato se pagou a “tomadia”, do regimento de custas.