Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

GRAMÁTICA LATINA

Certo sacristão, que tinha recebido educação esmerada, atendia o altar para o seu sacerdote, que, ao contrário, era grosseiro e ignorante. Quando chegou o momento do Ofertório, o padre pediu o cálice, resmungando:

– Onde está o calicem?

O sacristão respondeu, num sussurro:

– Meu senhor, isso não está correto – o senhor devia dizer calix.

– Pois então me dê o calix!…

– Neste caso o senhor não devia dizer calix, mas calicem.

– Ao diabo com a tua lógica, e me dê logo o maldito copo!

AZAR DO FALECIDO

Estando um homem à morte, deixou mandado ao seu filho único, que vendesse três falcões que tinham grande valor; e mandou que do valor de um mandasse pagar as dívidas que tinha, do que valesse o outro fizesse bem por sua alma, e o terceiro fosse para ele. Morto o pai, Dalí há poucos dias foi-se um deles que ele não pode mais capturar, e disse:

– Este foi pela alma do meu pai.

GIL VICENTE CÔMICO

No teatro de Gil Vicente (1465 – 1536) há certas anedotas, como a do homem que, na obscuridade noturna, se defendeu de um assaltante empunhando uma sardinha, que o meliante julgou ser um punhal.

No “Auto da Índia”, de 1509, apresenta cenas engraçadas como esta:  

A criada entra na casa da ama, cujo marido está prestes a embarcar para as Índias, e a encontra em prantos. Pergunta-lhe o motivo das lágrimas, supondo que seja pelo fato do amo ir viajar. A patroa, porém, responde-lhe com desprezo e grosseria, chamando a criada de “tonta e mal amada”.  Afinal a criada descobre que a ama desespera-se porque o marido… tinha desistido da viagem.

 

ELEIÇÃO NO NORDESTE

Chico Heráclito foi o mais famoso coronel do Nordeste. Quem mandava na região de Limoeiro era ele – ou obedecia ou morria. Quando apoiava um candidato, reunia o povo humilde e entregava a cada um a cédula já marcada e dobrada, que ninguém abria. Era só jogar na urna, e depois voltar para comer – o preço do voto. Mesa grande e fartíssima.

Um dia, um eleitor mais ousado arriscou:

                – Coronel, e já fiz o que o senhor mandou, já votei. Fiz tudo direitinho. Só queria lhe perguntar uma coisa: em quem foi que eu votei?

                – Você está louco, meu filho? Vou até fazer de conta que não ouvi; isso até é crime! Você não sabe que o voto é secreto?!

PALPITE PÓSTUMO

Quando José do Patrocínio, o “Tigre da Abolição”, morreu, em 1905, fizeram-lhe um enterro de herói, grande cortejo, discursos enormes. Acabada a cerimônia, o poeta Guimarães Passos, amigo particular e companheiro de boemia do falecido, pediu para Olegário Mariano acompanhá-lo ao cemitério: pôs-se de joelhos, fez chorosas exclamações, escreveu no punho o número da sepultura, levantou-se aflito, saiu correndo:

                – Vamos! Vamos!

                Foi jogar no bicho correspondente aos algarismos que marcavam a última morada do “Zé do Pato”. E ganhou!…

JOGO DE CORPO

O eleitor chegou, aflito, e disse a José Maria Alkmin, o político mais ladino e escorregadio que já houve:

         – Doutor Alkmin, meu filho nasceu, eu estava desprevenido e não tenho dinmheiro para pagar o hospital!

        – Meu caro, se você, que sabia há nove meses, estava desprevinido, calcule eu que só soube agora…