Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

DISPUTANDO O FILÉ

As mulheres da tribo receberam Hans Staden com grande alarido. Tomaram-no das mãos dos guerreiros e se foram com ele por diante aos safanões e bofetadas. As Evas lambiam os beiços e escolhiam pedaços com a máxima desenvoltura de gula: O braço é meu – Para mim o coração – Quero esta nádega…

ALEGRES CANIBAIS

O primeiro europeu que viu e tratou dos nossos antepassados aborígenes, foi Pero Vaz de Caminha, o cronista do Descobrimento, que em sua famosa carta a El-rei Dom Manoel, diz: “Passou-se então além do rio Diogo Diniz, almoxarife que foi de Sacavem, que é homem gracioso e de prazer, e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita, e meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos, e eles folgavam, e riam, e andavam com ele mui bem ao som da gaita. Depois deles dançarem, fez Diogo ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras e um salto real, do que eles se espantaram e riram e folgaram muito…”

COMIDA AGITADA

Hans Staden foi conduzido prisioneiro para a aldeia dos seus captores. O filho do chefe Cunhambembe atou-lhe as pernas, dando três voltas em torno delas. E com os pés presos desta forma, o obrigou a deslocar-se para um lado e para outro; coisa que o coitado, claro, só podia fazer aos pulos. E os índios riam e gritavam:

– Lá vem a nossa comida pulando!

ALEMÃO DE ESTIMAÇÃO

O aventureiro alemão, Hans Staden, deixou registradas algumas manifestações do humor indígena, no famoso livro em que ele relata sua dramática passagem pelo Brasil, no período em que foi prisioneiro de índios antropófagos.

            Para começar: por seu tipo físico alourado, de olhos azuis, exótico para os autóctones, ele foi tratado como “animal de estimação” pelos tupinambás, como se fosse uma arara ou um papagaio, tendo inclusive mudado de “dono”.

NÃO INVESTIGUE MUITO

            Quadrinha do poeta Sá de Miranda (1481-1558), advertindo para os perigos das pesquisas genealógicas. Mesmo em se tratando de endinheirados ou de nobres (infanções), podem surgir descobertas inconvenientes. Como ser filho de padre ou “ter um pé na cozinha”, por exemplo.

            É Senhor grande trabalho

            Escrever de gerações

            Nem todos são Cipiões;

           E podem cheirar ao alho

           Ricos homens e infanções.

          Anos mais tarde, Camilo Castelo Branco observaria: “Razão tinha Sá de Miranda, que era filho do padre Gonçalo de Sá e de uma mulher ordinária de Coimbra”.

FILIAL DE PORTUGAL

Nos primeiros séculos após o Descobrimento (Brasil Colônia), é impossível dissociar o humor brasileiro do humor português. A presença do elemento luso em nosso meio era marcante, e as culturas eram entrelaçadas, com predomínio da lusitana.

Ronald de Carvalho denomina essa época de 1500 a 1750, de “período de formação”, em que era absoluto o predomínio do pensamento português.

Como reconhecia esta quadrinha popular, difundida no Rio de Janeiro na época de D. João VI:

                        “Que as modas de cá

                        Vêm de lá

                        “Menos as modas do Sarará.”