Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
MILAGRE
Uma farde Bernardo fazendo um sermão sobre os milagres que fizera S. Francisco Xavier, acrescentou depois de enumerar muitos, o seguinte:
– Era tal o poder da sua santa eloqüência, que chegou a converter dez mil selvagens de uma ilha deserta.
IMBATÍVEL
O barão de Alvito era muito mentiroso. Estando em uma ocasião as damas do paço divertindo-se, combinaram entre si que cada uma diria a sua mentira, para se ver qual era a maior. Disse a que venceu a disputa:
– A minha mentira é que o barão disse agora uma verdade.
ORADOR ANIMAL
Numa pequena vila da província, fazia-se uma solenidade para receber a El-rei, a quem toda a câmara municipal e funcionários vieram cumprimentar. O vereador mais velho proferia um longo e monótono discurso laudatório ao monarca, quando um jumento começou a zurrar. O rei então voltando-se muito sério para o lado de onde vinham os zurros do jumento, disse:
– Senhores, fale cada um por sua vez.
TOMA LÁ, DÁ CÁ
Um larápio vendo entrar para o teatro um provinciano, que tinha metido uma caixinha de ouro na algibeira da casaca, seguiu-o com a esperança de lha furtar, e para melhor atingir o seu intento, sentou-se por trás dele. Acabado o primeiro ato, cortou-lhe a aba da casaca onde o outro tinha a caixa; porém tendo-o este percebido, puxou de uma navalha, que casualmente tinha comprado naquela tarde, e tomou tão bem as suas medidas, que cortou uma orelha ao larápio.
Este desandou a gritar:
– Ai a minha orelha! A minha rica orelha!
E o provinciano:
– Ai a minha caixa! A minha rica caixa!
– Tome lá a caixa! – disse então o larápio ao provinciano.
– E tome lá a orelha! –respondeu o outro, atirando-a à cara.
PREVIDENTE
Dizendo-se a um sujeito que corresse imediatamente à sua casa, pois que estava toda a arder, respondeu muito descansado:
– Isso é coisa que não me preocupa, pois trago comigo as chaves.
DOENTE BRINCALÃO
Apresentando-se uma manhã um doutor em casa de um dos seus doentes para o ver, deteve-o o porteiro dizendo-lhe que era inútil subir, visto que o enfermo tinha expirado naquela noite. Ao que o doutor exclamou:
– Pois ele morreu? Grande pândego!