Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

DE TANTO

Numa quaresma, um pio religioso pregava um sermão que ensaiara, pintando com cores negras os tormentos do inferno. Mas, eis que o padre a certa altura ficou mudo, porque não se lembrou de mais nenhuma palavra do sermão.

Disse um casquilho, que até ali o tinha escutado:

– Coitado! Tanto se meteu no inferno, que até por lá se perdeu.

CADA UM DO SEU

Um escravo comprou um chapéu de seda, bonito e lustroso. Principiando a chover, tirou-o da cabeça e guardou-o debaixo da casaca.

– Por que guardas o chapéu, e levas a chuva na cabeça? – perguntou-lhe um parceiro.

– Porque o chapéu é meu, custou o meu dinheiro, e por isso o guardo bem acondicionado. A cabeça é do meu senhor, e ele que guarde e acondicione seus bens.

ALFABETIZADO?

Um bacharel em direito, muito cheio de si, foi convocado a depor como testemunha num julgamento. Aparecendo na sala de audiência, o bacharel fez uma mesura a todos, respeitoso.

Perguntou-lhe o juiz, com gravidade:

– Seu nome?

– José Trancoso Meneses da Soledade. Um seu humilde criado…

– Queira dizer a sua profissão…

– Eu sou, senhor, um bacharel formado…

– Em paz já vou deixá-lo: sabe ler?

CABO DE ESQUADRA

O cabo de esquadra explicava ao soldado o modo de fazer uma espingarda:

– Arranja-se um buraco – dizia-lhe ele – põe-se-lhe ferro à roda, e prega-se-lhe um cabo. Está pronta a espingarda.

CABO É HOMEM?

Um soldado disputando com um cabo de esquadra lhe disse, entre outros impropérios:

– Cale-se, cale-se, que você não é homem…

O cabo de esquadra tomando o caso em ponto de honra, exigiu uma pronta satisfação; ao que o soldado mui enxuto respondeu:

– Quando na parada o ajudante vai dividindo as guardas, o que diz ele? Para tal guarda seis homens e um cabo; para tal guarda três homens e um cabo, etc., etc. Logo é certo que os cabos não são homens.

PRAGA MAIOR

O conselheiro Ferreira Vianna certa vez estava entretido, percorrendo lombadas de livros, numa estante da livraria Garnier, quando entra um amigo que se acerca e comunica-lhe a morte de Floriano Peixoto:

– Uma novidade – diz ele. – Morreu Floriano!

– De que? – perguntou calmamente o humorista.

– De uma cirrose no fígado.

Houve um pequeno silêncio, compungido. Depois, Ferreira Vianna murmurou, com lástima na voz:

– Pobre cirrose!