Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

PENSE BEM!

Estava o conselheiro Ferreira Vianna em visita à Casa de Correção, quando teve a sua atenção solicitada por um rapaz de maneiras distintas, fisionomia simpática, mas triste, que lhe pedia licença para duas palavras.

– Então, qual o seu crime? –indagou Ferreira Vianna, com o seu ar bonachão.

– Senhor, eu seduzi uma menor.

– A quantos anos de prisão foi condenado?

– A quatro; já aqui estou há dois, e faltam-me ainda dois. Mas eu não estou mais suportando a vida na prisão… Estou mesmo disposto a pedir o meu indulto, e casar-me com a ofendida.

– Casar? Olhe, quer um bom conselho, um conselho de amigo?

E batendo-lhe no ombro, paternal:

– Cumpra o resto da pena…

SEGURO

Durante a revolta da Esquadra em 1893, o governo instalara no morro da Glória um holofote que varria as trevas. Contra ele vomitavam os canhões dos navios e da fortaleza rebelde. Mas, o feixe de luz lá continuava a prestar os seus serviços, porque os tiros e granadas passavam longe do alvo.

Ferreira Vianna por esse tempo morava em pleno bairro da Glória, na trajetória presumível dos disparos. Aos amigos que lhe faziam a assustada advertência, ele respondia tranquilamente:

– Por isso mesmo. Fui morar lá, para estar bem seguro. É o ponto para onde atiram.

LÍDERES

Na revolta da esquadra, houve o confronto entre as forças comandadas pelo Marechal Floriano Peixoto, e os revoltosos sob o comando do Almirante Custódio de Melo. Artur Azevedo fez rir a cidade do Rio de Janeiro com este reparo:

                                   Tem uma flor no princípio

                                   O nome do Marechal,

                                   Mas o nome do Almirante

                                   Principia muito mal…

ATÉ HOJE NÃO, MAS…

De uma feita, ao cabo de libações com os colegas, Paula Nei abandonou-os, mas, sentou-se exausto, num vão de porta, à Rua Gonçalves dias. Um amigo passou, sacudiu-o:

– Que fazes aqui, Paula Nei.

– Espero o bonde.

– Mas aqui não passa bonde.

– Você sabe lá o futuro?…

NO MENU

O incorrigível e adorável boêmio Paula Nei entrou num restaurante barato. Pediu a lista. Dando-lha, o caixeiro postara-se-lhe ao lado. E Nei, calado.

– O que vai?

– Traga-me uns erros de ortografia.

– Cá não há disso, meu senhor.

– Mas a carta está cheia deles…

RIMANDO

Estava Paula Nei parado numa esquina da Rua do Ouvidor, quando um cavalheiro seu conhecido aproximou-se esbaforido, e indagou-lhe:

– Ó Nei! Você não viu passar por aqui agora mesmo, um rapazote, gordote, baixote, morenote?…

E o Paula Nei:

– Não vióte!