Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’

DOSE PARA CAVALO

Gíria que significa quantidade excessiva, exagero, demasiado. Também conhecida como dose para elefante. Supõe-se que sendo o cavalo um animal muito forte e o elefante um animal muito grande, necessitem de doses elevadas de remédio para que este venha a fazer efeito. Para os que acham que dose para elefante ainda não é o suficiente, há a dose para mamute.

XUMBREGA OU XUMBREGAS

 Termo de gíria significando imitação barata, artigo inferior, carregação, etc. O termo vem do apelido de Jerônimo de Mendonça Furtado, que foi capitão-geral e governador da capitania de Pernambuco e acabou deposto em 1666. Por usar bigodes enfunados, numa imitação barata dos do marechal-de-campo Armand Friedrich Von Schomberg, alemão que comandara as tropas portuguesas na libertação do domínio espanhol; passou a ser chamado jocosamente pela população, “o Xumbregas”.

BOTAR PANOS QUENTES

A expressão, no sentido de esfriar os ânimos, remediar, acalmar; é antiga e origina-se de Portugal. Nos tempos antigos, um dos remédios caseiros usados pelas comadres, quando alguém sentia uma dor de origem desconhecida, era botar panos quentes. Como não se pretendia a cura, mas o alívio sintomático, ficou a expressão. Os médicos de hoje, coitados, seguem na contramão dessas comadres e, nos inchaços, costumam prescrever a aplicação de gelo…

BIGODE

Alguns etimologistas dão a palavra bigode como derivada do termo visigoth, usado para designar o povo germânico visigodo, cujos guerreiros costumavam usar bem desenvolvida essa pilosidade sobre o lábio, e que estiveram pela Península Ibérica. Segundo essa corrente, os antigos portugueses, com a sua conhecida propensão para pronunciar o v como b ( vispo por bispo, biagem por viagem, etc.), com o tempo teriam adulterado a palavra. Já outros estudiosos atribuem o termo bigode aos normandos que, em sua passagem pela Europa continental, quando desejavam afirmar qualquer coisa com segurança, arrancavam um fio de bigode e faziam o juramento: By Gott (por Deus).

O DEFUNTO ERA MAIOR!…

Expressão sarcástica utilizada desde o século XIX no Brasil para fazer troça de alguém que veste roupas muito grandes para o seu tamanho. A expressão provém do hábito, na sociedade luso-brasileira, de repartir as roupas do falecido entre os seus parentes e amigos sobreviventes.


AMIGO DA ONÇA

A conhecida expressão de gíria brasileira, amigo da onça, significa falso amigo, inimigo dissimulado em amigo. O termo foi muito utilizado em certa época, quando as caricaturas do personagem “Amigo da Onça”, do humorista Péricles Maranhão, apareciam semanalmente, de 1943 a 1962, na revista “O Cruzeiro” – a de maior tiragem do Brasil na época. A origem do brasileirismo, assim como do personagem cômico, foi a seguinte anedota, conhecidíssima no início do século XX:

Dois caçadores conversam num acampamento. Diz um deles ao outro:

– O que você faria se surgisse uma onça agora aqui?

– Ora, eu dava-lhe um tiro!

– Não, mas se a espingarda estivesse descarregada?

– Então eu a matava com o facão!

– Mas, se não você tivesse facão?

– Eu então subia numa árvore, ué…

– Mas, e se não houvesse nenhuma árvore por perto?

– Aí eu saia em disparada.

– Não, não… Mas e se você ficasse paralisado de medo?

Com esta o interrogado encarou o amigo, e perguntou:

– Mas, afinal: você é meu amigo, ou amigo da onça?!