Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’

TEM BOI NA LINHA

 Há um problema adiante, há um obstáculo. A expressão de gíria, como tantas outras de uso generalizado hoje, tem origem ferroviária. Nos primórdios das ferrovias no Brasil, no século XVIII, era comum os trilhos serem invadidos não só por pedestres, carruagens, e carros de bois, mas até por…  boiadas! Do ponto de vista do maquinista, atropelar um pedestre significava apenas que alguém ia encontrar-se com o seu Criador antes do previsto, colidir com uma boiada, entretanto, significava um desastre de grandes proporções e muita incomodação.

É BRABO, MAS É QUEIJO!

A expressão, comum no sul do País, significa é árduo, mas faz parte; é difícil, mas é assim mesmo. A origem é uma antiga historieta, de uma velha que vivia na casa do genro, com quem vivia às turras. A tal velha era louca por queijo, e mal o pobre genro comprava um, a sogra dava-lhe cabo num zás! Até que um dia ele resolveu dar uma lição na megera: tomou uma barra de sabão, a que deu o formato perfeito de um queijo, e guardou-o na despensa. No outro dia, ao entrar na cozinha, o genro deu com a velha devorando o sabão, com a cara sofrida, a boca espumando como cão hidrófobo, e lágrimas a escorrerem-lhe dos olhos; e a resmungar: “É brabo, mas é queijo!”

A TODO O PANO

Com toda a velocidade, com intensidade, com esforço máximo. Essa é mais uma expressão de origem náutica, originária de Portugal, nação de marinheiros. A todo pano, significa utilizar todas as velas de que dispõe um veleiro, visando obter o máximo de força e velocidade. A expressão já era popular no século XVI, pelo menos.

FICAR A VER NAVIOS

Diz-se de alguém que perde uma oportunidade por pouco, que fica frustrado, que não alcança seus objetivos. Consta que se originou da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão. A resistência aos soldados do General Junot foi mínima, e quem pode preferiu fugir para o Brasil às pressas, acompanhando D. João VI, sua Corte e apaniguados. Alguns, porém, por virem de longe, ou terem sido avisados tardiamente, ao chegarem ao porto de Lisboa, só conseguiram ver a frota afastando-se, ao longe. Ou seja: “Ficaram a ver navios”.

DIABO A QUATRO

Significa fazer grandes tropelias ou desacatos; confusão, bagunça. A expressão provém dos espetáculos teatrais de feiras, da época medieval, na França, e da expressão faire Le diable a quatre. Havia um número popular em que entravam em cena o Diabo Lúcifer e três de seus diabos auxiliares. Provocavam enorme algazarra e confusão, para alegria do público que ria a valer.

DOSE PARA LEÃO

DOSE PARA LEÃO: O termo tem o mesmo significado de dose para cavalo e dose para elefante. Nos anos 60 do século passado corria essa anedota que pode ter sido a origem da expressão: Por um desses acasos (comuns nas anedotas de salão), morreram ao mesmo tempo o leão e o tigre de um circo. O diretor do circo, desesperado por ter perdido duas de suas principais atrações, resolveu recorrer a um artifício: contratou dois mendigos para vestirem as peles dos animais mortos, e fingirem-se de feras. Feito o acordo, os vagabundos ocuparam suas respectivas jaulas, e o circo seguiu em caravana até a próxima cidade, onde deveria se apresentar. Mas eis que são barrados, na entrada, por um cordão sanitário. Grassa uma epidemia, e naquele município todo e qualquer animal, para entrar, teria que antes ser vacinado. Com que o dono do circo concordou. Mas, quando o veterinário aproximou-se do “tigre” com uma seringa do tamanho de uma garrafa, e a agulha como um prego, “o tigre” protestou: “Ei! Isso não é dose para tigre; isso é dose pra leão!”