Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’
BATER AS BOTAS
A macabra expressão difundiu-se durante a Guerra do Paraguai, para significar morrer, na linguagem dos soldados. Quando os soldados eram gravemente feridos, eram estendidos no chão ou numa maca, pelos companheiros ou pelo corpo médico, e, nos estertores finais, sacudiam espasmódicamente as pernas, batendo as botas uma na outra.
CHULIPA
Nos estados do Nordeste e particularmente no Ceará, os dormentes da estrada de ferro são vulgarmente conhecidos por chulipas. Esta palavra é originária do inglês, pelo fato da primeira ferrovia cearense ter sido construída por uma firma inglesa. Os engenheiros britânicos tiveram muitas vezes que lidar com os dormentes, pronunciando amiúde a palavra sleeper, até então desconhecida dos trabalhadores. Esse vocábulo significa dormente e se pronuncia, mais ou menos, slipa. Depois – como afirmou o Barão de Itatararé – foi mais fácil passar de slipa para chulipa, que de Germano para gênero humano.
PRONTO (ESTAR)
Expressão que significa estar sem dinheiro algum, sem um tostão nos bolsos. Bastos Tigre afirma que a origem da expressão pronto deve-se ao boêmio Clímaco Barreto, do Rio de Janeiro, que por volta de 1905 – 1906, nas suas noitadas bebia muito sem ter dinheiro. Na hora de pagar, levantava os braços dizendo aos garçons que o cobravam:
– Pronto! Revistem-me e vejam se descobrem por aí, em qualquer bolso, um único níquel…
FORRÓ
No início do século XX, os engenheiros ingleses que dirigiam a construção de ferrovia em Pernambuco, promoviam bailes periódicos de que participavam o pessoal da administração da obra, as autoridades locais e membros da comunidade britânica. Ocasionalmente esses bailes eram mais democráticos, abertos a todos, ou seja “for all” ( for ól). Os nordestinos iletrados, pegando a palavra de ouvido, diziam: “Hoje o baile é forró, gente!”.
FEITO NAS COXAS
Calma! Ao contrário da explicação escabrosa que logo vem à mente dos maliciosos, a origem do termo é bem inocente. Na época colonial, as telhas eram feitas pelos escravos nas olarias, e as havia de duas espécies: as telhas de primeira, para as casas dos senhores, eram moldadas em formas; e as telhas de segunda – para cobrirem estábulos, galpões, engenhos – que os escravos as conformavam moldando a argila nas próprias coxas. Como pode-se imaginar, eram telhas bem vagabundas e irregulares, essas feitas nas coxas. Viram como não se deve tirar conclusões precipitadas?
QUINTOS DOS INFERNOS
A literatura religiosa medieval já reconhecia a existência de cinco infernos. Mas o termo, entre nós, parece ter se originado do imposto de 20% que a Coroa Portuguesa extorquia, no período colonial, de todo o ouro produzido no Brasil. Isso causava tanta revolta entre os brasileiros da época, que ao referirem-se ao detestável imposto, sempre diziam: “Os quintos dos infernos!”. Logo, os quintos dos infernos passou a ser o lugar para onde os colonos, quando enfurecidos, costumavam mandar o rei de Portugal, o vice-rei, a sogra, etc.