Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

MISTÉRIO

Um rústico, que tinha em casa filha solteira e um sobrinho, não atinava com a causa de dia a dia minguar-lhe o vinho da pipa.

Pensa no caso, repensa, até que por fim que exclama:

– Resolvi o mistério! A prima gosta do primo, o primo gosta do vinho!…

INCONSOLÁVEL

Protestando distrair-se das mágoas da viuvez, vivia um lorpa na taverna a emborrachar-se.

Pergunta-lhe um conhecido que o encontra no estado mais deplorável:

– Então? Já estás consolado?

– Nada; eu sou inconsolável!

POR CARIDADE

Queixava-se uma senhora ao médico que visitava o marido, atacado de atroz asma:

– Ai meu doutor, que martírio, que aflição prolongada! Não tenho mais esperanças… Tem-nas o senhor?

– Confesso que o mal não tem cura; seria tolice negá-lo. Mas sossegue: asma não mata; vai-se com ela à velhice.

– À velhice! Anos e anos! Coitado… Que suplício! Doutor veja se lhe encurta tão longo padecimento…

SÓ O QUE FALTA

Um frívolo peralta, que foi paspalhão desde fedelho, lá um dia postou-se em frente ao um espelho que havia na sala da casa de seu pai, e disse à própria imagem:

– Tertulhano, és um rapaz formoso! És simpático, és talentoso, és rico! Que mais te faz falta no mundo?

Ao que, o pai, que escondido atrás da cortina ouvira tudo, penetrando na sala, respondeu:

– Juízo!

PRIMEIRO…

D. Pedro II encontrava-se em visita à Inglaterra. Em uma festa realizada em sua homenagem, tocava famoso pianista inglês, notoriamente seboso. O príncipe de Gales, futuro Eduardo VII, também presente, manifestou ao barão de Penedo, que acompanhava o Imperador, o desejo de que Pedro II contemplasse o musicista com a ordem da Rosa. O Imperador, pressentido, não resistiu a fazer uma piada:

– Que a Inglaterra lhe dê primeiro a ordem do Banho.

ERRATAS

Quando a Gazeta de Notícias publicava correspondências de Ramalho Ortigão, estampou uma com o título: O Passeante e o Presídio.

Ferreira de Araújo, que estava de cama na ocasião, sentiu arrepiarem-se-lhe os cabelos e mandou uma nota ao secretário que retificasse a epígrafe do artigo, a qual seria: O Passado e o Presente.

No dia seguinte, sofreu o desgosto de ler esta RETIFICAÇÃO: “A carta do nosso ilustre colaborador Ramalho Ortigão, estampada na edição de ontem, saiu, por um erro de revisão, com a epígrafe O Passeante e o Presídio. O título da interessante correspondência é: O Pássaro e o Presunto.