Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

GALANTEIO

Indo um negociante à casa de um campônio para lhe comprar uns porcos, deu com ele à porta do curral, acompanhado de sua filha, que passava pela rapariga mais bonita do lugar. O negociante, a quem esta não desagradou, querendo render-lhe uma fineza, disse para o pai:

– Olhe, meu amigo, se os seus porcos se parecerem com a sua filha, juro-lhe que hão de ser soberbos bichos!

PROGRESSO

Certo sujeito gastou toda a sua mocidade sem saber ler nem escrever, e pretendendo remediar esta falta depois que teve sessenta anos, chamou um mestre para ensiná-lo, e no fim de vários meses de estudo, perguntou-lhe este:

– Que letra é este “A”?

– Este “A”? – disse o discípulo olhando muito atentamente para a letra – este “A” é um “B”.

DURAR

Dizendo alguém na presença de D. Francisco de Portugal, conde de Vimoso, que certo homem ignorante e avarento prometia viver muito, respondeu o douto nobre, com um sorriso irônico:

– Me parece, senhores, que a isso se devia chamar “durar”, e não “viver”!…

OS MELHORES

Tendo lido certo poeta uns versos a Bocage, perguntou-lhe qual deles lhe agradava mais.

– Os que não leste – respondeu Bocage.

PRAGA FELINA

Montenegro deu de presente ao velho Diego de Almagro o primeiro gato que apareceu na América do Sul, e em recompensa recebeu seiscentos duros, uma elevadíssima quantia!

Os primeiros gatos que foram mandados ao Brasil, venderam-se aqui por uma libra de ouro. Havia então vasta quantidade de ratos em nossa terra, provavelmente trazidos pelos navios europeus.

Foi, portanto, boa especulação trazer para cá alguns casais daqueles animais. Os seus primeiros filhos venderam-se a trinta oitavas cada um, os seguintes a vinte oitavas.

Mas, bem depressa a quantidade de gatos foi tal, que, apesar da sua grande utilidade, ninguém já dava por eles um real. Nem mesmo de graça os queria receber.

Pouco depois, os gatos criados soltos pelas ruas, tornaram-se uma praga tão grande – miando durante a noite, matando pássaros de estimação, roubando comida, transmitindo doenças –  que havia quem julgasse preferível os ratos!

OFERTA E DEMANDA

Quando se descobriram as esmeraldas na América, um espanhol trouxe uma a um lapidário italiano, e lhe perguntou qual era o seu valor. O lapidário respondeu: “Cem escudos”. Pouco depois voltou com outra esmeralda ainda maior que a primeira, a qual foi avaliada em trezentos escudos.

Contentíssimo de sua boa fortuna, o espanhol pediu ao italiano que o acompanhasse à sua casa, e lhe mostrou uma caixa cheia de esmeraldas. Mas o lapidário vendo a grande quantidade que havia delas, bem depressa lhe esfriou a alegria:

– Estas esmeraldas, senhor, valerão cada uma um escudo.