Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’
GASPARINHO
O termo, popular quando só havia a loteria comum, significa fração do bilhete. Deve-se ao conselheiro Gaspar de Silveira Martins que, quando ministro da Fazenda, foi quem autorizou a venda de frações de bilhetes de loteria. O povo passou então a chamar gasparinhos aos pedaços de bilhetes.
NÃO METER PREGO SEM ESTOPA
Tem o sentido de ser prevenido, tomar todos os cuidados, não fazer nada antes de certificar-se de que o resultado será certo. Por amor de Deus! – protestará alguém – o que tem estopa a ver com prego? Muito. O termo é originário de Portugal, onde, por tratar-se de uma nação de marinheiros, os brocardos freqüentemente têm conotação náutica. No caso, sempre que um prego ia ser cravado no casco de madeira de um navio, havia necessidade de vedar o furo, utilizando estopa com betume. Ou então, a caravela iria ao fundo…
ARARA
Os etimologistas concordam que a palavra arara é de origem indígena. Mas uns acham que é uma onomatopéia; o grito da conhecida ave daria a impressão que ela está dizendo “a-raa-ra”! Outra versão é a dos que afirmam que arara é formada pela repetição de ara, que significa periquito em tupi-guarani. “Ara-ara” seria, então, periquito duas vezes, embora – como observa o Barão de Itararé com muita propriedade – as araras sejam em geral 4 ou 5 vezes maiores que os periquitos. Vá lá se saber…
DAR COM OS BURROS N’ÁGUA
A expressão tem o sentido de fracassar, frustrar as expectativas, encontrar um obstáculo intransponível. A sua origem vem dos tempos coloniais, em que todo o transporte de mercadorias era efetuado por tropas de burros e mulas. O maior transtorno numa dessas viagens era perder o rumo, e inesperadamente encontrar um rio pela frente, sem ponte ou balsa por onde passar os animais. Esse revés era chamado dar com os burros n’água.
DE CABO DE ESQUADRA
Diz-se no Brasil e em Portugal “essa é de cabo de esquadra”, quando alguém apresenta um argumento estúpido, ilógico ou inadequado ao que está em discussão. Na época do Brasil Colônia, o cabo de esquadra era o militar que comandava uma esquadra – grupo mínimo de soldados numa tropa. Embora geralmente ignorantes, originários da zona rural, destacavam-se pela presunção de sabedoria e autoridade
A seguinte anedota do século XIX ilustra o assunto:
O cabo de esquadra explicava ao soldado o modo de fazer uma espingarda:
– Nada mais simples, – dizia-lhe ele – arranja-se um buraco, põe-se-lhe ferro à roda, e prega-se-lhe um cabo. Está pronta a espingarda!
DENTE DE COELHO
“Aqui tem dente de coelho!” traduz desconfiança, suspeição de que haja um causador oculto de algum fato. A expressão provavelmente originou-se em Portugal. É sabido que o coelho produz devastações nos bosques, lavouras e hortas. Assim, quando os hortelãos encontravam as suas plantações de alface, cenoura, couve, etc., destruídas, o suspeito óbvio era logo evocado: “Maldição! Aqui tem dente de coelho!”